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Na era da supermedicação e da negação do sofrimento, a gente deveria sempre se lembrar que A erva cura,O aroma cura, A massagem cura, O humor cura, O amor cura, A fres cura, A brancura, E, principalmente, a lou cura!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Acho que era início de setembro de 2006. Fim de um namoro, problemas em casa, trabalho muitíssimo cansativo. Trabalhava na prefeitura e me foi feito o contive de auxiliar um dos cursos que iriam ser ofertados em um evento sobre direitos humanos. Eu iria ganhar uma folga por isto! Eu iria ajudar na oficina de musicoterapia para crianças que sofreram abuso, iria ajudar a Jô Costa, musicoterapêuta do CEDECA-Bahia.
Minha experiência com ela foi inesquecível. Tivemos dois dias para nos conhecer. Ela era superjovem,tinha uma filhinha de 4 anos e um mundo de experiências, ela era audaciosa, brincalhona, cantava em toda hora vaga. Falava na "Cacá"(como ela chamava a filha) e no marido com muito carinho. Me apaixonei por ela. Eu e todo mundo....hehe
  
Infelizmente ela estava no avião que o Legaci derrubou (e cujos pilotos norte americanos JAMAIS foram penalizados. Um nojo).
 Lembro dela desde então. De forma especial, lembro da sua cantoria, da sua audácia (quando falava nas experiências que teve que enfrentar) e do amor que ela tinha pela vida. Lembro dela sempre que desejo ser uma pessoa melhor, uma profissional melhor.
Ainda lembro dela cantarolando...E de alguns conselhos que me deu....


Ela não era minha amiga. Não deu tempo.Mas Deus quis que eu a conhecesse antes que ela pudesse partir.
Há um poema que ela gostava que eu desejo compartilhar.

VIVER NÃO DÓI


Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.Por que sofremos tanto por amor?O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecidouma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer  pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada  em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras  nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!



A cada dia que vivo,  mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.


A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.


Carlos Drummond de Andrade



Namastê, Jô.
Com carinho,
Sicília

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