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Na era da supermedicação e da negação do sofrimento, a gente deveria sempre se lembrar que A erva cura,O aroma cura, A massagem cura, O humor cura, O amor cura, A fres cura, A brancura, E, principalmente, a lou cura!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010




Quando nasce a ética...


Posso dizer que quem me ensinou a estudar foi minha mãe. Ela nunca teve vocação para estudo: repetiu algumas vezes, abandonou porum tempo, depois voltou a estudar fazendo supletivo. Minha mãe tinha vocação para imaginar(em alguns casos admito o termo "vocação"). Ela sempre foi uma criança grande,meio ressentida por ter crescido, acho, mas se desse corda ela criava asas enormes, coloridas, cheias de purpurina.

O seu primeiro emprego de que eu me lembro era o de professora primária. Ela o fazia por pura identificação.Conversava com mães e crianças como ninguém. Seu talento residia na intuição. Ela percebia os problemas familiares e das crianças e as formas educacionais de desenvolvimento de potencialidades pela intuição, principalmente. Ela era rápida e acertava mais que outras professoras que tinham cursos e cursos no currículo. Isto também gerava um problema: ás vezes ela não conseguia explicar o porquê de sua posição pedagógica, não tinha força de argumentação. O coração dela muitas vezes trabalhava sozinho e não tinha tempo de explicar pra sua consciencia suas teorias e descobertas.

Por um tempo ela foi diretora de escolinha primária a qual eu frequentava e adorava! Na escolinha a gente fazia uso de lápis de cor, giz de cera, massa de modelar, tinta guache...nossa! Cores, cheiros e texturas fazem parte deminha memória desta época. Até o abominável sanduiche de doce de goiaba não parecia tão mal ao fim do dia(a prefeitura quase não mandava lanche).

Depois, minha mãe foi transferida para a funçaõ de bibliotecária: um crime, na minha opinião, diante do fato de que ela era uma ótima professora. Nesta função,ela me deu sua melhor herança: o amor por livros que, somado ao amor pelas pessoas ensinado na época da escolinha(por causa de seu amor pelas crianças e pelas mães), tornou-me psicóloga.

Ela dizia que livros eram preciosos e levava muito a sério sua função de "guardadora do conhecimento dos livros".Ás vezes eu ia passar o dia com ela na biblioteca. Ela não me deixava passearentre as estantes:era proibido para uma menina de 8 anos. Então ela escolhia um livro pra mim, me resumindo a história que tinha dentro. Ela dizia que os livros são registros de coisas que aconteceram e idéias sobre cisas que ainda vão acontecer. Tinha uma série de livros pretos, enormes, que ela me apresentou como enciclopédia:

-De que fala?eu perguntei.

-De tudo. De tudo o que voce puder imaginar.

E eu imaginei..imaginei que livros teriam respostas pra tudo e enlouqueci atrás das histórias que eles tinham pra me contar. Com a bagagem dos recursos imaginativos e afetivos da escolinha eu me apropriava primeiros do cheiro e da textura do livro,depois do que A GENTE criava junto a aprtir da história que ele contava: o livro contava e eu desenhava a história. Eu também dava as respostas par ao que o livro perguntava. Nunca mais parei de ser co-autora de livros que li.

Sem a imaginação da minha mãe para definir livros eu não teria gostado tanto de estudar, sem a escolinha de cores, liberdade e afeto da minha mãe eu não estaria pronta para amar os livros, sem o carinho que minha mãe tinha pelas pessoas eu não faria do meu amor pelos livros uma forma de expressão de amor pelo outro. Eu não perceberia que trabalho e conhecimento devem servir a alguém.

Minha mãe nunca foi guardadora de conhecimento de livros. Na verdade acho que ela era cupido especialista em unir conhecimento e coração. O que é outra injustiça, pois nunca vi ninguém ganhar premio nobel da paz por isto.

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